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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Emprenhando o cérebro pelos olhos

No aspecto particular as artes visuais na fase dos movimentos modernistas, os dadaístas em especial foram imbatíveis com a colagem. E dos artistas desta fase da história da arte, certamente Picasso foi um dos primeiros e até pode-se dize que se tornou paradigma no uso desta técnica.
No Brasil, o gaúcho, Carlos Scliar que integrou o Clube da Gravura – 1959 a 1956- lançou mão das colagens de imagens fotográficas e textos de jornais sobre gravuras e pinturas ao longo da sua vida artística.  Sem dúvida, estes artistas e seus movimentos queriam mesmo criar um discurso visual para falar do seu tempo presente. O próprio Scliar dizia: "Acho que eu represento o mundo em que vivo". Nada mais eloquente do que afirmar isto vivenciando experiências. Em Aracaju, na década de noventa, numa parceria, Karine Santiago interferiu com pintura em fotografias de Newman Sucupira e mostrou ao público o resultado com sucesso.
Êxodo, a exposição de Gabi Etinger e Victor Balde que também combina dois gêneros das artes visuais: fotografia e xilogravura, cria oportunidade para o público atual apreciar o quanto se pode incrementar uma linguagem, torná-la rica e provocar visual e emocionalmente qualquer espectador.    
Fotografia e xilogravura são duas técnicas díspares. Uma exigindo a habilidade motora nas mãos, que devem estar concatenadas com o olhar preciso no traçado sobre a prancha de madeira; a outra o olhar sensível, e dedo igualmente, para capturar um milésimo do tempo que, furiosamente passa sem que o homem tenha capacidade de detê-lo. Somente a fotografia o eterniza. Díspares, porém, aliadas no mesmo campo em que emprenha o cérebro pelos olhos: o das artes visuais.
A fotografia, agora secular, resultado do esforço intelectual e tecnológico, alcançou a sua democratização plena, assim com o refinamento na era da informação digital para produzir com mais esmero o quê nasceu fazendo: capturar a realidade aparente instantaneamente; a xilogravura, milenar, resguarda-se na tradição mantendo sua técnica, exigindo a habilidade no manejo dos instrumentos afiados para ferir de arte a madeira e gerar de tal esforço artístico beleza e inquietações.
Na exposição Êxodo pode-se ver o quanto os artistas puderam explorar as possibilidades destes gêneros aqui imbricados, lançando mão dos conceitos e recursos nesta permanente experimentação que se chama arte contemporânea. Por mais que outras experiências similares tenham ocorrido, a arte com suas técnicas e o desempenho dos artistas continuarão amadurecendo e nos surpreendendo.      Antônio da Cruz

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