No Brasil, o gaúcho, Carlos Scliar que
integrou o Clube da Gravura – 1959 a 1956- lançou mão das colagens de imagens
fotográficas e textos de jornais sobre gravuras e pinturas ao longo da sua vida
artística. Sem dúvida, estes artistas e
seus movimentos queriam mesmo criar um discurso visual para falar do seu tempo
presente. O próprio Scliar dizia: "Acho que eu represento o mundo em que vivo". Nada mais eloquente
do que afirmar isto vivenciando experiências. Em Aracaju, na década de noventa,
numa parceria, Karine Santiago interferiu com pintura em fotografias de Newman
Sucupira e mostrou ao público o resultado com sucesso.
Êxodo, a exposição de Gabi Etinger e Victor
Balde que também combina dois gêneros das artes visuais: fotografia e
xilogravura, cria oportunidade para o público atual apreciar o quanto se pode
incrementar uma linguagem, torná-la rica e provocar visual e emocionalmente
qualquer espectador.
Fotografia e xilogravura são duas
técnicas díspares. Uma exigindo a habilidade motora nas mãos, que devem estar concatenadas
com o olhar preciso no traçado sobre a prancha de madeira; a outra o olhar
sensível, e dedo igualmente, para capturar um milésimo do tempo que,
furiosamente passa sem que o homem tenha capacidade de detê-lo. Somente a
fotografia o eterniza. Díspares, porém, aliadas no mesmo campo em que emprenha
o cérebro pelos olhos: o das artes visuais.
A fotografia, agora secular, resultado
do esforço intelectual e tecnológico, alcançou a sua democratização plena,
assim com o refinamento na era da informação digital para produzir com mais
esmero o quê nasceu fazendo: capturar a realidade aparente instantaneamente; a
xilogravura, milenar, resguarda-se na tradição mantendo sua técnica, exigindo a
habilidade no manejo dos instrumentos afiados para ferir de arte a madeira e
gerar de tal esforço artístico beleza e inquietações.
Na exposição Êxodo pode-se ver o
quanto os artistas puderam explorar as possibilidades destes gêneros aqui
imbricados, lançando mão dos conceitos e recursos nesta permanente
experimentação que se chama arte contemporânea. Por mais que outras
experiências similares tenham ocorrido, a arte com suas técnicas e o desempenho
dos artistas continuarão amadurecendo e nos surpreendendo. Antônio da Cruz
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